Associação Vem Ser

Psicomotricidade: Para que e para quem

Para a psicomotricidade não basta termos conhecimentos, mas sim, e principalmente, sabermos como aplicá-los.

Entender e ser fiel a aplicação dos conceitos para cada faixa etária, necessita de um bom aprofundamento das etapas de desenvolvimento humano.

Os bebês por exemplo, não tem autonomia física, nem intelectual em relação a sua motricidade. Seu alicerce motor é a visão, a audição e o tato. Toda estimulação natural, portanto, para todas as movimentações possíveis, promovem seu bom desenvolvimento.

Já os pequenos entre os três primeiros anos de vida encontram-se na fase do desenvolvimento global, da independência física corporal. Nesta fase a criança explora o mundo que a cerca, usando seu próprio corpo. Desta forma, a aprendizagem nesta faixa etária ocorrerá em função do interesse e atenção da criança.

Dos quatro aos seis anos, entramos para a fase dos questionamentos, da expressão verbal, para a definição da personalidade. Este é o momento exato do “ensaio corporal” que leva uma experiência constante e sempre nova. Cabe o adulto respeitar e valorizar a criança nesta idade pelo que ela quer, pode e sabe realizar.

Entre os sete e nove anos, surge o pensamento lógico e formal, a exploração das descobertas, o entendimento da simbologia. A criança já não brinca mais o tempo todo e realiza tarefas com precisão que a idade Ihe permite. As aquisições motoras se efetuam num ritmo mais rápido.

Dos 10 aos 12 anos, a criança já apresenta a exatidão das coisas, entende o porque delas, as regras do jogo e manifesta atitudes de comportamentos sociais adequados (esta seria a fase ideal para a aquisição técnica dos esportes).

Nos 13 a 17 anos, o adolescente emerge socialmente, como um “ser” grupal. Geralmente contesta o lar e faz prevalecer as ideias do grupo em que convive. E a chamada “primavera psicomotora”, quando estão aflorando os seus potenciais, físico e psiquiátrico. O jovem, a partir desta idade, possui planificação motriz, maturidade sócio-motora, melodia cinética, e desenvolvimento práxico. Já consegue lidar com o abstrato.

Durante os 18 aos 40 anos, o indivíduo reflete o seu “eu” na sociedade. Verifica-se nesta fase um investimento pessoal para a produtividade e a conquista material para si mesmo. A partir deste momento, existe no ser humano uma influência de fatores externos (tensão, stress, cobranças) que interferem em seu rendimento e produtividade. Aí deve-se permitir o despertar das sensações, sem reprimi-las, a escutar seus sentimentos, para que se promova efetivamente “ação”.

Para os 41 aos 60 anos, encontramos a necessidade da aceitação corporal em suas múltiplas alterações. Surge a tendência para um equilíbrio psicológico, carregado de experiências. Em contrapartida, é preciso fazer desaparecer os maus hábitos, rompendo os romantismos e fazendo renascer a criança que existe dentro de si.

A chamada “terceira idade”, ou velhice, não deve ser encarada como sensibilidade, nesta fase, sofre alterações que ativam alguns poucos setores, enquanto outros vão sendo desativados. O objetivo maior do trabalho com o idoso é a sua valorização pessoal, a reativação de sua autoestima, a confirmação das possiblidades pessoais, das capacidades realização e da espontaneidade de movimentos.

As pessoas com“limitações” físicas, motoras, funcionais, intelectuais e/ou emocionais, ocorrem “abalos” psicomotores, mas nelas encontramos “resquícios” que podem e devem ser aproveitados. Por vezes são necessárias adaptações nas estratégias, materiais e tudo o que conseguirmos a nível de realizações com estas pessoas, por menor que seja, mas o quanto são significativos e merecem ser considerados.

Compartilhe:

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

Autora:

Autora:

Picture of Cacilda G. Velasco

Cacilda G. Velasco

Especialista em Psicomotricidade, Titulada Especialista em Gerontopsicomotricidade pela Associação Brasileira de Psicomotricidade. Professora, Pedagoga e Profissional de Educação Física, responsável Técnica da Associação VEM SER. Vários livros publicados na área psicomotora e diferentes atuações acadêmicas com cursos, congressos, mesa redonda e atuação desde 1984 em Terapias Psicomotoras na Água.

Site
Picture of Cacilda G. Velasco

Cacilda G. Velasco

Especialista em Psicomotricidade, Titulada Especialista em Gerontopsicomotricidade pela Associação Brasileira de Psicomotricidade. Professora, Pedagoga e Profissional de Educação Física, responsável Técnica da Associação VEM SER. Vários livros publicados na área psicomotora e diferentes atuações acadêmicas com cursos, congressos, mesa redonda e atuação desde 1984 em Terapias Psicomotoras na Água.

Site

Mais artigos

“pérolas” de Vitor da Fonseca

Durante esses últimos 40 anos me honro de ter sido aluna dessa referência mundial em Psicomotricidade que é o professor Vitor da Fonseca. De inúmeros

Decálogo de um Gerontopsicomotricista

1. Quando um Gerontopsicomotricista se capacita, ele também reconstrói sua história de aprendizagem. 2. Um Gerontopsicomotricista não brinca, simplesmente, ele introduz o bom humor em

Alfabeto Psicomotor

Aprendizagem só pode ocorrer se não houver Bloqueios físicos, motores e/ou emocionais Comprometendo e até impedindo o bom Desempenho, na criança, do seu Esquema corporal.Este

O que é ser um Terapeuta

Aquele que trabalha com as mãos é um artesão! Aquele que trabalha com a mente é um sábio! Aquele que trabalha com a inspiração é

Representante Mundial

Prof. Dr. Rui Fernando Roque Martins

Professor Associado na Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Universidade de Lisboa (UL)
Docente na licenciatura em Reabilitação Psicomotora e Coordenador do Curso do Mestrado em Reabilitação Psicomotora, da FMH – UL
Membro fundador e delegado português do Fórum Europeu de Psicomotricidade
Delegado Português da Organização Internacional de Psicomotricidade e Relaxação desde 1989.
Honoris Causa pela Organização Internacional de Psicomotricidade e Relaxação, pela contribuição para o desenvolvimento Internacional da Psicomotricidade
Membro fundador e Presidente da Associação Portuguesa de Psicomotricidade.