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Água – o Retorno ao Prazer

Muito se recomenda, nos dias atuais, atividades físicas, na promoção de saúde e qualidade de vida aos idosos. É importante ressaltar que atividade física pressupõe qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resultem em gasto calórico acima do basal. Para os idosos, as atividades físicas recomendadas precisam ser supervisionadas por profissionais qualificados e dirigidas especialmente a essa faixa avançada de idade. As aeróbicas devem ser as de baixo impacto, como a natação, caminhada, ciclismo, hidroginástica, remo, a subida de escadas, dança, ioga e tai chi chuan e todas as demais que puderem proporcionar resultados satisfatórios e adequados a eles.

Assim como no feto, que cresce num meio liquido no útero da mamãe, o idoso sente-se extremamente “envelopado” pela água nas atividades de natação e hidroginástica. A água tem características terapêuticas importantes que promovem bem-estar aos participantes dessas modalidades. Por essa razão, a escolha de atividades aquáticas é um recurso altamente eficiente na Retrogênese Psicomotora. Mas, para que os resultados sejam os esperados, o planejamento dessas atividades deve acontecer de forma bastante criteriosa.

NATAÇÃO

Não vamos falar de uma natação pedagógica regular, como aquela realizada com principiantes do esporte, nem de uma competitiva, para formar campeões, mas da que valoriza a “motricidade aquática”, que põe em situação uma nova arquitetura psicomotora, construída na base de uma integração polissensorial diferenciada da motricidade terrestre. Procuramos difundir a idéia de que nadar é uma expressão estética e artística também, mudando os paradigmas do culto ao corpo para o culto à saúde.

A natação é um ótimo exercício, porque atua em todos os músculos, aumenta a resistência física e trabalha os pulmões e o coração. Dentro da água, o corpo fica leve e as articulações movem-se com maior facilidade, os músculos podem se distender, sem sofrer problemas. Lembramos que essa atividade na água não pode ocorrer sem que se observem condições de segurança, conforto e prazer.

Podemos, então, verificar que não estamos querendo formar atletas, mas, sim, executar uma reeducação, tanto postural quanto motora, sem esquecermos a psique que estará totalmente envolvida no processo de (re)aprendizagem. O principal objetivo é reativar o corpo do idoso, que, normalmente, está adormecido, utilizando como meio de ação a água. Como sabemos, no idoso, várias áreas estão “danificadas”. Por esse motivo, seria insensato exigir que ele saia nadando, até porque o nosso objetivo não é esse. Isso exige um trabalho intensivo com cada um, pois a característica psicomotora da aprendizagem humana é a de representar, mentalmente, movimentos, portanto, iremos ativar pela psicomotricidade os neurônios corticais, preservando as características de um cérebro funcional.

Todo profissional de educação física é conhecedor da lista de benefícios e vantagens de ordem profilática, terapêutica, fisioterápica e estética que a natação proporciona aos idosos, o que dispensa aqui uma relação. Em nosso Planejamento Psicomotor, o início de qualquer trabalho é uma boa AVALIAÇÃO, em todos os aspectos: física, funcional, psicomotora e médica para que todos os benefícios sejam recebidos pelo idoso em sua atuação na água.

HIDROGINÁSTICA

Esta é uma outra atividade bastante recomendada aos idosos. Os exercícios nela realizados consideram os efeitos fisiológicos da água aquecida, já mencionados, que proporcionam um aumento da circulação sanguínea e da sensibilidade neuro-sensorial que, juntamente com a diminuição dos efeitos da gravidade pela água, proporcionam uma melhora do tônus muscular, levando a uma adequada mobilidade. É uma atividade divertida, gostosa e refrescante, em que utilizamos a música como recurso motivador e incentivador do movimento. É apropriada para pessoas fora de forma, com alguma incapacidade física, ou, simplesmente, desejosas de enrijecer alguma área do corpo. Tudo porque a água deixa o corpo leve e flutuante, com a capacidade de movimentação ampliada. Outra vantagem é que, após as primeiras aulas, dificilmente músculos e articulações ficam doloridos.

As vantagens da hidroginástica são grandes. Uma delas é a diminuição dos riscos de um problema muscular, isso porque os exercicios realizados na água dificultam o desenvolvimento de movimentos bruscos.

Aos que não são muito afeiçoados à natação, a hidroginástica constitui um excelente subsídio para adquirirem maior mobilidade articular, força e domínio do meio líquido, o que, com certeza, proporcionará um bom condicionamento físico. Ela é indicada para pessoas com limitações da mobilidade articular, com dificuldade em sustentar o peso corporal, para reabilitação de lesões, com doença renal ou hepática, com dor lombar e osteoporose.

As aulas devem ser motivantes, animadas e diversificadas, organizadas em aquecimento (com caminhadas e corridas na água, alongamentos e exercícios articulares), exercícios aeróbicos (estimulando a oxigenação sanguínea, trabalho cardiorrespiratório, aumento da resistência muscular, com saltitamentos e deslocamentos, corridas e exercícios de braços e pernas) e exercícios localizados, que visam força, flexibilidade e resistência.

Atualmente, há uma infinidade de acessórios especialmente voltados às aulas de hidroginástica, como halteres, luvas, flutuadores, tornozeleiras, plataformas, mesas, etc., que colaboram na dosagem de carga para os exercícios e promovem mais diversidade nas propostas de exercícios. Fora isso, os ritmos das músicas utilizadas podem ser os mais variados possíveis, fazendo de cada aula um momento especial, ligado à situação, à época do ano, ao tema da semana, etc. Para nós o conceito de Hidroginástica é diferente da grande maioria, consideramos como VIVÊNCIAS corporais, respeitando-se o ritmo de cada um, tornando ela uma atividade totalmente personalizada.

Sem dúvida, a prática de atividades aquáticas contribui para a qualidade de vida na melhor idade, por intermédio da manutenção de uma boa saúde física e mental, proporcionando ao idoso novas formas de viver. E, para todas as demais idades… continua sendo uma das mais prazerosas atividades físicas.

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Cacilda G. Velasco

Especialista em Psicomotricidade, Titulada Especialista em Gerontopsicomotricidade pela Associação Brasileira de Psicomotricidade. Professora, Pedagoga e Profissional de Educação Física, responsável Técnica da Associação VEM SER. Vários livros publicados na área psicomotora e diferentes atuações acadêmicas com cursos, congressos, mesa redonda e atuação desde 1984 em Terapias Psicomotoras na Água.

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Cacilda G. Velasco

Especialista em Psicomotricidade, Titulada Especialista em Gerontopsicomotricidade pela Associação Brasileira de Psicomotricidade. Professora, Pedagoga e Profissional de Educação Física, responsável Técnica da Associação VEM SER. Vários livros publicados na área psicomotora e diferentes atuações acadêmicas com cursos, congressos, mesa redonda e atuação desde 1984 em Terapias Psicomotoras na Água.

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Prof. Dr. Rui Fernando Roque Martins

Professor Associado na Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Universidade de Lisboa (UL)
Docente na licenciatura em Reabilitação Psicomotora e Coordenador do Curso do Mestrado em Reabilitação Psicomotora, da FMH – UL
Membro fundador e delegado português do Fórum Europeu de Psicomotricidade
Delegado Português da Organização Internacional de Psicomotricidade e Relaxação desde 1989.
Honoris Causa pela Organização Internacional de Psicomotricidade e Relaxação, pela contribuição para o desenvolvimento Internacional da Psicomotricidade
Membro fundador e Presidente da Associação Portuguesa de Psicomotricidade.