PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E A PSICOMOTRICIDADE

O Brasil possui cerca de 17,3 milhões de pessoas com deficiência, com dois anos ou mais de idade (8,4% dessa população) tinham alguma das deficiências investigadas, e cerca de 8,5 milhões (24,8%) de idosos estavam nessa condição, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), feita em 2019.

Na faixa etária acima de 60 anos, a proporção é de uma a cada quatro pessoas com algum tipo de deficiência.

Conceito de Deficiência:

A abordagem da deficiência caminhou de um modelo médico, no qual a deficiência é entendida como uma limitação do indivíduo, para um modelo social e mais abrangente, que compreende a deficiência como resultado das limitações e estruturas do corpo, mas também da influência de fatores sociais e ambientais do meio no qual está inserida. Nesta abordagem, utiliza-se como ferramenta a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF/OMS), no âmbito da avaliação biopsicossocial.

Terminologia:

Deficientes? Portador de deficiência? Pessoas com necessidades especiais?

Não…

A terminologia atual é: Pessoa com deficiência.


Quais são os tipos de deficiências?

Deficiência física, visual, auditiva, intelectual, psicossocial e múltipla, conceituada com a associação de duas ou mais deficiências.

É a mesma coisa?

Deficiências, Doenças, Transtornos, Síndromes?

Por vezes se confundem:

Deficiência: citamos acima.

Doença: Alteração biológica do estado de saúde de um ser, manifestada por um conjunto de sintomas perceptíveis ou não, com a possibilidade de definir por meio de exames. Pode provocar sintomas físicos e psicológicos. Ex: Gripe, Rubéola, Câncer, etc.

Transtorno: Alteração caracterizada pela perturbação clinicamente significativa na cognição, na regulação emocional ou no comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento do funcionamento mental. Incapacidade significativa que afeta atividades sociais, profissionais e outras. Ex: Transtorno do Espectro Autista, Depressão, Esquizofrenia.

Síndromes: Conjunto de sinais e sintomas que definem as manifestações clínicas  associado a problemas gerais de saúde. Nem sempre possuem a causa clara, podendo ela ser reconhecida pela ciência ou não, e ainda ter várias possíveis origens. Ex: Síndrome de Down, Turner, Guillain-Barré

Distúrbios: Alterações funcionais de um órgão ou de um sistema que não necessariamente fecham em algum diagnóstico. Ex: Distúrbios do Neurodesenvolvimento, de Aprendizagem, do Sono, Alimentares.

Inclusão? É possível?

A luta pelo respeito, inclusão, oferecer igualdade de oportunidades, independentemente de diversidades sociais, culturais, intelectuais, sensoriais, de gênero ou mesmo étnicas para melhores condições na vida de cada indivíduo.

Para que a inclusão aconteça, é necessário praticarmos valores como o respeito, empatia, querer conhecer, saber pelo menos um pouco a mais a respeito.

Inclusão… Ah, Inclusão Social…

Já tivemos avanços significativos nas questões de Acessibilidade, Educação Inclusiva, Inclusão Econômica, Participação Social, Gestão Pública, mas ainda vemos, temos barreiras e constatamos que a efetividade não é plena.

Quem vive de perto, sabe dos verdadeiros desafios que é, nos diversos âmbitos e com suas peculiaridades… mas É POSSÍVEL!

É possível acreditar, possibilitar, enxergar cada Ser em suas individualidades,  capacidades, dificuldades, oportunizando melhores condições para o desenvolvimento.

E a Psicomotricidade neste contexto?

Atenção Primária junto a este público e as significativas contribuições da Psicomotricidade, desde o bebê ao idoso com deficiência, com intervenções que  possibilitem o desenvolvimento, considerando os aspectos físicos motores, intelectuais, sociais, afetivo emocionais e a riqueza se possibilitada através da inter ou transdisciplinaridade, seja com a família, escola, terapeutas, médicos e profissionais que intervém junto ao indivíduo.

Muitas vezes há o atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e o quanto a estimulação, intervenção psicomotora poderá contribuir para evolução integral  de cada caso, ou seja, enxergar este Ser global, mas com suas individualidades.

A Psicomotricidade é uma ciência que compreende e trabalha o Sujeito e não somente o corpo que pode apresentar limitações, dificuldades. Quando este Sujeito é significado, encorajado, lhe oferecendo oportunidades para  potencializar suas capacidades, estas vão refletir no Ser, em suas emoções, sentimentos, no desenvolvimento físico, cognitivo, emocional, mostrando se mais feliz e pleno.

Esta Intervenção pode ser individual ou em grupo. É importante avaliar e programar o que deve ser desenvolvido, oferecendo possibilidades que realmente trabalhem suas necessidades e potencialidades.

leis, decretos, declarações que tem como objetivo o desenvolvimento da pessoa com deficiência, de forma igualitária e adaptada. Políticas públicas de incentivo, adaptações de espaços, equipamentos, entre vários outros, mas a importância de enxergar as necessidades individuais, realizando o planejamento adequado e que possibilite a efetiva realização em conexão com tudo que permeia e impacta no desenvolvimento e efetiva inclusão.

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Autora:

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Cassia Yamada Eguthi

Pedagoga, Psicopedagoga da Educação Especial e Psicomotricista titular da Associação Brasileira de Psicomotricidade.
Coordenadora do Curso de Pós Graduação em Psicomotricidade e Projetos Sociais da Associação Vem Ser

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Prof. Dr. Rui Fernando Roque Martins

Professor Associado na Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Universidade de Lisboa (UL)
Docente na licenciatura em Reabilitação Psicomotora e Coordenador do Curso do Mestrado em Reabilitação Psicomotora, da FMH – UL
Membro fundador e delegado português do Fórum Europeu de Psicomotricidade
Delegado Português da Organização Internacional de Psicomotricidade e Relaxação desde 1989.
Honoris Causa pela Organização Internacional de Psicomotricidade e Relaxação, pela contribuição para o desenvolvimento Internacional da Psicomotricidade
Membro fundador e Presidente da Associação Portuguesa de Psicomotricidade.